sábado, 11 de outubro de 2008
Prosa poética
Solidão alada
Estar só... Ficar só... Será isso solidão?
Ou solidão é simplesmente um estado de espírito?
Muitos encontram na solidão, a paz, o bálsamo
Que reconforta a alma e a coloca em sintonia
Com Deus, com os Anjos e com os Astros...
É o sentir-se tomado pelas forças cósmicas...
É a comunhão total do humano com o divino.
Outras pessoas se angustiam quando em solitude...
Porque não sabem transcender à matéria!
Procuram nos rostos do outro o seu próprio rosto
Que já se perdeu no emaranhado das fisionomias
Sem nenhuma identidade, sem razão de viver...
Estar em solidão, portanto, depende muito de você
Do seu grau de vivência com o seu eu e o seu espaço.
Você pode, sim, sentir-se solitária, com muita gente ao seu redor...
Como pode estar plena, cheia de si, com as luzes
E as energias que capta do Universo
Mesmo estando materialmente só.
É nesse momento que você viaja por vários lugares
Põe seus pensamentos em órbita e voa com eles...
Nessa transmutação, há os encontros de diversas formas
Que arrancam da subjetividade tudo que você retém
Como sofrimento, no isolamento caótico do corpo.
Essa é a outra face da solidão... A solidão a serviço
Do aprimoramento da alma e do espírito
Para rever atitudes, comportamentos, idéias...
Pensar nas lutas travadas pelo homem
Na sua conquista pessoal e profissional
Pensar na vida e dar um sentido coletivo
A tudo que fizer, mesmo estando só.
Despertar
A tarde chegara brilhante e terna
E em volta de mim se ouviam
Os sussurros das águas que corriam
Sobre aquele mar de areia fina...
As asperezas da vida naquele momento
Tornaram-se macias ao toque dos meus pés...
Criança ainda, fazia barquinhos de papel
Que deslizavam sobre as águas cristalinas...
Não compreendia o mistério que envolvia
A vida que se parecia tão simples para mim...
E os barquinhos que fazia, levavam com eles
Sonhos despedaçados, fantasias infantis...
Mas outros barquinhos surgiam à minha frente
Não sei de onde vinham... Para onde iam...
E nesse ir e vir, não percebi que adormecera.
No silêncio “falante” dos devaneios que partiam...
Despertei mulher e pude entender
Nessa roda viva que me levava os sonhos
A mística presente em cada despertar...
E a consciência de que é preciso nessa vida amar.
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