terça-feira, 14 de julho de 2009
अद्मिरा-se
Admirar-se...
A vida é extraordinária
Dentro do seu cotidiano
E das coisas ordinárias
Que acontecem na simplicidade
Em dimensão planetária...
Admira-se o extraordinário
Pela sua ocorrência inconstante
Mas não se admira o habitual
Porque é ocorrência natural...
O habitual é o ordinário
Que ocorre diariamente
Em cada nascer e morrer...
Não se admira, portanto,
O nascer do dia, porque é fato diário
Como o pôr-do-sol que tanto
Entristece corações em pranto...
A noite que chega natural
Não faz parar os que trabalham
Para admirá-la tão somente...
Param, sim, para repousar corpo e mente!
Mas esses fenômenos naturais
Dentro da suas existências reais
Não vêm causar admiração
Pelo simples fato de serem normais.
A beleza e a verdade
Da excelência da criação
São coisas simples, mas que não se entendem...
São acontecimentos que, pela sua simplicidade
Não causam maior análise, nem reflexão...
Sobre sua existência e sua condição
Ocupam os especialistas dessa questão.
Mas essas coisas simples, ordinárias
Deviam ocupar dentro de nós
Maior interesse, maior atenção!
Dê-nos a água... Dê-nos a pedra...
O que são? O sol? A lua e as estrelas?...
O rio que corre e as cores do arco-íris
A natureza onde tudo engendra...
Os sons, as texturas, as cores...
Podemos ouvi-los, senti-las e vê-las
Mas não ocupam dentro de nós
Tamanha admiração!...
Um olhar, um simples olhar para o céu
Vem nos dar a certeza
De que é preciso falar
Das coisas mais singelas...
Que na sua naturalidade
Não despertam nas pessoas
O mínimo de curiosidade
Mas são nessas ocorrências da vida
Que se vêem os mistérios da criação!
Em 27 de março de 2010
Entrega
Toda entrega segue o fluxo da vida
Numa atitude de disponibilidade...
Entrega é sabedoria diante do Pai!
Mas toda entrega pressupõe uma escolha
Que aciona a consciência num gesto solidário
Para tornar a mente isenta e mais presente.
O ser é obrigado a pensar
Sentir e agir condicionado pela mente
Numa entrega total, sem posicionamento
Preso às convenções sociais, irreais
Entrega solta, espontânea, sem manipulação...
Porque pessoas conscientes se entregam
Não de forma a permitir que pessoas inconscientes
Usem-nas para seus propósitos insólitos...
Na relação com o semelhante
Aprender a dizer “não” de forma livre
Porque o universo interior de cada um
Precisa estar limpo, livre de cadeias que oprimem
Para resistir a qualquer pressão exterior.
Relacionar-se livremente é entregar-se
De modo profundo, amoroso, terno...
É poder olhar com os olhos do coração
Para extrair desse relacionamento
Lições de vida que constroem, que edificam...
A Dor
(Soneto)
Engendrada no íntimo do ser- a dor
Causa irrefutável da estreiteza do olhar
Incompleto, míope, distante e sofredor
Dos que não se atrevem a dar um passo e pensar.
E por isso vivem a solidão, sofrem e erram
Falta-lhes a fé para reger os princípios
Quando as novidades experimentais berram
E as verdades buscam n’alma calma e exílio.
Para ocultar sentimentos estéreis e rudes
Cultivam a dor numa esperança muda e vã
Como sofrer em silêncio fosse virtude.
A má fé e a hipocrisia em força e amplitude
Aterram-lhes os sentimentos e, no afã
De vencer a dor, apelam a quem os ajude.
Mena Azevedo
Assinar:
Postagens (Atom)