terça-feira, 5 de agosto de 2008


CAÇADOR MENINO

Poema

Na tela, o retrato da infância abandonada
pintado com as lágrimas da indignação
e com as cores da revolta e da dor...
Para onde vais com esse olhar perdido
na imensidão do infinito desconhecido?
São imagens que parecem sufocar nas cores
as mágoas contidas e a dores latentes
no mais escondido do teu corpo e da tua mente.
O’ Menino Caçador, no teu semblante mudo
e no teu olhar disperso, há um grito silencioso
que te chama, antes da hora, para a faina diária!
Há uma voz no silêncio do dia que clama...
Que implora pela necessidade diante da carência.
Uma voz que se completa com a decisão inadiável
de levar a casa, a caça que mitigará a fome...
Fome física que maltrata, aniquila e consome!
Na tela, o corpo pequenino, cansado e abatido
Irrompe em cores diversas! São cores do desprezo
do abandono, num pedido de complacência e amor!
Mas tu, o’ Menino Caçador, do recôndito do teu ser
deixa refletir o descuido, a falta de zelo da sociedade
que escraviza a tua infância já consumida pela dor
e que mata com desvelada crueldade
os teus sonhos e a tua esperança!
A caça que leva pelas tuas mãos pequeninas
é o alimento que sustentará teu corpo de criança
que o sofrimento, prematuramente, fez envelhecer
e que o peso da injustiça fez matar a infância!

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